sábado, 28 de dezembro de 2013

DOM QUIXOTE DE LAMANCHA E O NOSSO DIREITO A LOUCURA




               
                Tenho revisto algumas obras literárias das quais li em anos anteriores. Nessa minha busca espiritual, o que tem chamado a atenção é a loucura. Essa personagem tratada como indigna, tem sido companheira de poetas e escritores ao longo dos séculos. Podemos citar o Elogio da Loucura de Erasmo de Rotterdam, Quincas Borba de Machado de Assis, entre outros. Mas quem mais tem chamado minha atenção é o ‘Cavaleiro da Triste Figura’, Dom Quixote de La Mancha  de Miguel de Cervantes Saavedra.
Não me proponho aqui à crítica literária dessa monumental obra, até porque ainda me sinto pequeno, para algo que necessitaria anos de estudo a fio, mas que perderia a essência da obra em nome do maniqueísmo acadêmico. Não, proponho algo que talvez apareça enquanto escrevo essas humildes linhas digitais, até porque o papel tem perdido cada vez mais importância – sorte das árvores.
Mas saindo dessa linha digressionista, e tentando voltar o foco em nosso aclamado personagem criado por nosso não menos aclamado escritor; retornemos ao que queremos entender, saber, compreender ou simplesmente como dizem alguns, consumir os escritos e o entendimento, ainda que eu ache que o que escrevo dificilmente seria digerido por um estômago capitalista, via que não tenho a sustância necessária para mercado, nem pessoas minimamente dispostas a ler qualquer fragmento, pois a imbecilidade está na ordem do dia.
                Voltemos ao ‘Cavaleiro da Triste Figura’, este ser que tem atravessado séculos no inconsciente coletivo, que tem desafiado gigantes em forma de moinho, que tem lutado em nome dos fracos e oprimidos – ainda que estes últimos acabem sendo mais oprimidos ainda, depois de suas ações cavalheirescas. Mas não esqueçamos que ali está a consciência quixotesca, seu bravo e rechonchudo Sancho Pança, a razão que alimenta a loucura de seu mestre, e que dá respostas inexatas. Temo aqui o casamento do id e do ego, e o superego, dane-se.
                Nada como a loucura como dar asas a liberdade, ainda que o leve a morte como Ícaro e suas asas de cera criada por seu pai, Dédalo. Mas Quijada (ou Quesada), resolveu voar em seu “alazão errante”, assim foi com Rocinante, de tão triste figura quanto seu dono esquelético. Eis que desta não foram as fúrias a atormenta-lhe. Fora nada mais que seu intelecto ávido por literatura cavalheiresca, que o levara a enlouquecer.
                Dom Quixote se deu o direito de enlouquecer. Armou-se de ideais irreais e se colocou a luta por eles, fatigado leitor. Ainda embarcou em seus devaneios, o bom e simples Sancho que nada mais alimentava a loucura do mestre. Eis o grande feito de Erasmo, a grande loucura que grita por liberdade. Como águas represadas que quando libertas, surge com força violenta, destrutiva, devastadora. É como a turba revolucionária da Revolução Francesa. É o domínio das paixões aprisionadas buscando ensejo para satisfazer seus desejos.
                Nada mais aprisiona o homem que os tempos atuais. O direito a loucura é trocado por engenharias sociais onde cada indivíduo (aqui no termo realmente individualista) é apenas mais um componente na complexa engrenagem do sistema.
Dom Quixote foi banido do mundo moderno, não apenas sua história, a literatura refinada de Cervantes, mas seu espírito aventureiro, desprogramado o como queira, porra louca. Somo programados desde nascer, ensinando a amar segundo a ordem, beber e comer segundo a ordem, viver e se programar segundo a ordem. Estamos presos em uma prisão sem muros.
Nunca alguém gozou de tanta autonomia quanto o Louco de La Mancha, ou ao menos, foi tão longe por devaneios insanos. Mesmo o amor, amor de uma donzela inexistente, Dulcinéia  Del Tolboso, fora a mais sincera e plena. No limiar do que consideramos loucura é onde surgem os mais belos versos de uma poesia.
Assim, vamos em nome dos sonhos enfrentar nossos gigantes, ainda que em forma de moinhos. Que o Cavaleiro da Triste Figura seja nossa constante inspiração.


P.s: texto em forma bruta, sem correção, esta deverá ser feita mais tarde.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

SUPLICA A APOLO





Oh grande Apolo, deus das artes, do que é belo, da poesia que não se declina aos vermes, do artífice que não sucumbe sua obra perante o comum.
Venho humilde a ti, deus da arte graciosa, clamar humildemente, ainda que os tempos modernos o tirem da memória coletiva, ainda assim, estais no meu coração como marca de ferro quente, cravada em carne e sangue.
Não te permitas que tua herança caia em mão gaitas, de seres boçais que não tem dom de sua graça manifestada. Que tratam tuas musas como simples prostitutas vandalizadas, e assim, corrompe o belo.
Assim digo que nestes tempos, agiotas da música e da poesia tem usurpado seus amados e seletos artífices, estão compurscar a tua natureza bela, esculpida por mão generosas e graciosas. A lira fora substituída por sons grotescos, até mesmo a guitarra, foi trocada por balbucios de músicas sacrílegas como o sertanejo atual.
Guardião do sol, deus de doces pensamentos, não te iras com o absurdo desses trogloditas? Até quando não penderá contra os bajuladores dessa pseudo arte carcomida e artificial. Até quando o teu sol da justiça permanecerá escuro ante a barbaridade da indústria? Até quando sofismas deteriorados irão manchar nossa alma. Quando esses falsos oráculos serão punidos pelas suas infâmias?
Ah Apolo! Em tempos nosso, de reprodução sistemática do que é antiestético, onde a tela luminosa de humanos de torpes dedos só faz o que doentio. Tempo de massas de intelecto aniquilado, onde vemos vermes glorificados e almas grandiosas sujeitadas ao silêncio e a obscuridade. Até quando os poetas deverão se manter no exílio? Até quando seremos vitimas de “luanisses”, “miscatrisses”, “clauletisses”?
Levanta-te oh deus, acordai em todo inconsciente. Em que plagas distantes estais para sua imóvel ação?
Ai! Então nos leve para o Hades, pois é melhor que a praga moderna da televisão, combustível da perdição, e da sujeição da razão.
Maldito é o nosso tempo!

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

EPITÁFIO À DEUSA LOUCURA

Por Kelson Maximiano

Relendo 'Elogio da Loucura' de Erasmo de Rotterdam, relembrei que a vida só é suportável graças à loucura interior.
Aqueles que não trazem em si a loucura e o caos interior estão sujeitos a uma vida medíocre, sem sentido.
Esse é o ethos perdido, como uma mitologia suplantada por uma lógica desprovida de seus símbolos, que encarna nos tempos modernos, o vazio e angustia existêncial que encarna em nossa vida mecanizada pelo mercado.
Hodierno, vivemos uma vida assaz intempestiva, mas desprovida de tudo.
Sempre me remeto a Sísifo, onde seu único momento de reflexão resume a decida da montanha.
Podemos comparar a vida e seus malefícios com a hidra de Herácles, onde cada cabeça cortada representa duas novas, mais ferozes, argutas e destrutivas.
Infelizmente a loucura sempre fora tratada como inimiga atroz, como o empecilho da razão humana. Mas ha de convir que, em suma, em uma sociedade tão avançada, as mazelas dos tempos modernos se dão juntamente que sepultamos nossos deuses ancestrais. Não falo do crucificado que suplantou Dionísio e semeou o terror pela terra em nome do amor, dessa divinal religião do fogo e do ódio. Mas do fim da ternura dos deuses antigos, de seus heróis indômitos, loucos; das fúrias, Alecto, Megaira e Tisífone, eternas vingadoras.
Malsã é nosso tempo, de ruína e urina, onde o lixo espiritual se amontoa em nosso cérebro com obstinação mortal, onde os únicos loucos são tratados com a crueldade de um intelecto objetivo e inflexível, tentando a todo modo, arrancar suas raízes da terra, matando-os em nome de uma civilização doente e malgradada.
Não há mais festas e vinhos, orgias, alegrias e “depravações”. O sexo virou ato de um convento chamado matrimônio, o vinho é sinônimo de vandalismo, o mosto de outrora é rejeição de agora.
Com a loucura banida, somo vítimas de uma coerção silenciosa, de chicotes calados e de uma prisão alada, de uma liberdade algemada. Somos obrigados a sair da caverna em nome da razão, quando deveríamos adentrá-la ainda mais. Obrigados a cortar laços que deveriam permanecer pelos séculos dos séculos, mas eis que rompamos e transformamos em liberdade de competição.
A humanidade empurra a pedra até o cume, e talvez Prometeu não deveria ter dado o fogo aos homens, que perderam a ligação com os animais, e jogaram fora a força bruta da loucura, para a perda do sentido eterno. Mas ainda assim, continuas preso. “Por que me abandonaste, oh humanidade acéfala? “Se lhes dei o que assar tuas carnes, vestir tuas mantas e comer a carne de seus amantes! “E eis me aqui, devorado por abutres em nome do vil esquecimento de meus filhos”.
Ai da humanidade que reza ao deus falso: “Deus, por que me abandonaste se sabias que não era deus, porque a minha criação volta contra mim mesmo, e que flagelo é este em mãos tuas que estás a castigar-me, oh deus meus, criação de meu intelecto”?
Oh morte vilipendiada, onde está seu antigo frescor de vida? Onde estão as Valquírias que teimam em não me buscar, rechaçam minha alma e me deixa no limbo? Cruel destino de dor. Ai de mim, meus deuses morreram, e só, sou algoz do progresso que mata. Onde estão os heróis antigos, onde estão os benevolentes deuses da antiguidade, onde está o obsoleto sagrado com a minha loucura interior, onde está o animal de minhas carnes trancado em meu infeliz cérebro moderno.
Oh humanidade, curve-se perante destruição. Coma, beba, farta-se, ainda que por um dia, ainda que benevolência do crucificado lhe permita uma semana de bem-aventurança da loucura, e após, novamente colherás a semente da destruição que lhe força durante anos a plantar, pois, Deméter está morta, eis a sua eterna punição.
Comamos, bebamos, pois eis que a destruição se avizinha em novo ano que sitia a nossa jornada.
A loucura está morta, vã é a esperança que se aparenta indômita, mas não passa de planta morta. Não se ouve o brado de Dionísio: Evoé; Pois desta vez, foi morto, enterrado, não plantado, e sepultado na escuridão.

domingo, 17 de novembro de 2013

UMA ODE AO PECADO




“Aos amigos ausentes, amores perdidos e velhos deuses... E a estação das brumas... Que cada um dê ao diabo o que ele merece!” Neil Gaiman

Adoro o que é demoníaco.
Toda a libidinagem, a malícia, a voluptuosidade.
A libertinagem é um dom do cão.
Cão fiel na infidelidade, protegendo na libertinagem.
Que reguemos nossas vidas com vícios, que o pior de nós (ou melhor) seja celebrado.
Ai daquele que não vive, que define sua vida na pasmarice.
Que Dioniso, o deus, o Cão, nos livre de toda e qualquer avareza.
Haja dias regados com vinho, música, dança e muita transa esperta.
Que tenha poesia, filosofia e nenhuma gente careta.
Que o que é santo seja profanado, e o herege glorificado.
Nada de fome e escassez,
Que o amor seja livre e selvagem,
Nesses dias de tédios e covardes.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Titulo censurado devido às besteiras prévias de uma sacanagem bem feita.


          Que bom seria se fossemos reduzidos apenas a sexo. Ou se motor da história fosse o sexo. Imagina se a Revolução Francesa tivesse acrescentado ideais sexuais libertários. O que diria se a ritualização de comunhão com o sagrado fosse o sexo. Que bom seria se de aniversário ganhássemos uma noite de orgia e "depravações" sexuais. sem culpa ou remorso.
          Estou pensando (que pena não estar transando...), se sexo fosse o meio de socialização - deveria, mas não somos tão evoluídos -, Com certeza não existiria o estresse.  Imagina ao sair para relaxar e encontrasse uma pessoa nas mesmas condições, querendo a mesmo coisa. Sexo é saúde... Não é?
          Mas o que acontece geralmente é nos refugiarmos em uma caverna deixando de viver o obvio: todos querem trepar, mas ninguém assume os pensamentos que a natureza libidinosa tão carinhosamente nos deu. Colocar a mão lá (ou colocar lá na mão...) parece feio, pecado, mal asseado, mas é bom, e´... booom! Quando escrevia este texto coloquei a palavra trepar, e o Word deu a sugestão "ter relações sexuais". Isso é um disparate! Até um programa de computador opressor? Queremos ter o direito à livre foda, pois não trepar é... Bem, é foda, não é?
          Devem estar pensando que só penso nisso; claro que não! Penso em comer, dormir e dormir mais um pouco e depois comer. Lógico, se tivesse sexo, pensaria em trepar, trepar, dormir, trepar, trepar, comer e dormir para trepar de novo.
          Temos que parar com esse modismo de dois mil anos, devemos ser livres!
           Povos de todas as nações Uni-vos! (se possível daquele jeito!)

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

SÍNDROME DE SÍSIFO E PROMETEU




Enfim 2013!
            Certamente comeste, bebeste, fartas-te, e sua alma está satisfeita. Claro, qual opróbrio sobrevive ao pode do vinho, símbolo da alegria e do contentamento. Não é por acaso este o dom de Dionísio para os homens? Não é a festa e seus rituais um dom dos deuses? Tivemos o nosso bacanal consumista, com os amados e os amores reunidos à mesa, sem o pudor que a miséria alheia propicia.
            Depois dos voluptuosos banquetes de final e começo de ano, depois dos votos de prosperidade e felicidade, retornamos nossa vida Sísifo. Novamente empurrando nossa pedra montanha acima, sem pensar, refletir, talvez sonhando. Não temos, e nunca teremos a satisfação plena de nosso trabalho, pois a pedra sempre rolará de volta à base da montanha, e novamente em frenética repetição, ad eternum, carregaremos nosso fardo, subindo, subindo, preso a um sonho distante.
            Ou não seremos Prometeu? Atados em grilhões de aço para ter nosso fígado comido por abutres, todos os dias. Já temos o vigor da dor, ela nos é comum, vamos ser devorados a todo instantes, sugados a todo instante, pois somos uma reserva infinita de comida e trabalho. Não há clemência, o inferno é aqui, onde nossas carnes são assadas pelo capital, em espetos de ossos ressequidos pelo sol e chuva. E continuamos com nossas vísceras servindo de alimento aos abutres.
            Assim caminhamos sob a desculpa de um momento mínimo de regozijo, mas de uma eternidade de sofrimento. Continuamos na caverna de Platão, açoitando quem traz novas de fora da caverna. Negando a realidade fria como aço temperado de uma espada, que perfura cotidianamente nossas entranhas.
Não há quid pro quo, o que existe são a servidão, os laços que não nos unem, nos separa, nos tornando selvagens. Passaremos o ano como? Cada um lutando por sua sobrevivência, matando uns aos outros para depois em momentos tão efêmeros, acariciar e lamber as feridas que causamos a outrem.
Não se enganem, com o vinho, o deuses são traiçoeiros, não há redenção fora do próprio homem, não há salvação a não ser da união entre aqueles que são iguais, sugados e deploradas pela besta selvagem que nos transformam em máquinas brutas, em Sísifos e Prometeus, em sofredores de uma agonia sem fim.
Que o Homem se revolte contra os deuses, subjugue-os, e tornem-se livres!

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

FELIZ BLÁ BLÁ BLÁ NOVO!!



            Talvez eu seja um dos poucos que não vem fazer um balanço tão incrível do ano que se finda. Mesmo porque pretendo expor aqui minhas razões. Não vou dizer que não teve coisas boas, mas pesando em uma balança, os momentos ruins se sobressaíram, ainda que algumas coisas que permanecem ainda são sumamente positivas (um exemplo que não perdi ninguém próximo), ainda que em condições precárias de sobrevivência.
            Em primeiro lugar se deve a minha própria natureza rebelde, do contra, que diferentemente da maioria não concorda, não se satisfaz e não vê essa maravilha de mundo que vivemos. Vejo pessoas cantando o ano de 2012 como se finalmente tivéssemos nos tornado a Xangri-Lá que “todos” almejávamos. Ora, não sejamos impertinentes! O mundo está cada vez mais violento, a miséria avança, assim como a concentração de riqueza, a injustiça se torna cada vez mais soberana, e aceitamos isso com uma passividade indescritível. Não me venha com votos de ANO NOVO EM UM SISTEMA CADUCO E ARCAICO QUE PERMANECERÁ EM 2013.
            Também devemos lembrar que é fácil reclamar o ano todo das injustiças sem sequer levantar nossas bundas gordas, reclamar do mundo e depois desejar boas festas. Talvez algumas pessoas devessem introduzir em seus retos algo mais sólido, pois nem a coerência de permanecer na crítica tem. É o mesmo fato que se alegrar por ter mesa farta durante as festas de fim de ano, e depois viver a rotina de lutar para colocar o mínimo para sobreviver em seus estômagos vazios. Sejamos francos, dificilmente sequer fazemos o mínimo para nós mesmo, pois a nossa própria desgraça nos é tão confortável e as vezes, familiar, que optamos pela inação. O que me deixa simplesmente frustrado é a mutação que essas datas tão festejadas me causam, pois as pessoas dizem tirar o melhor delas, depois de passar o ano inteiro sendo autores de maldades hediondas contra seu próximo. Não adianta depois vindo vociferar contra mim, achando que pequenos atos de mendigagem vá simplesmente apagar seus atos egoístas perpetrados durante 360 dias no ano – lembrando que tiramos cinco dias para alforriar nossas almas do vitupério da culpa.
            Outra coisa que me incomodou nesse “fortuito” ano que se vai, são nossas perdas. Ainda me dói saber de grandes nomes que nos deixaram. Não falarei deles aqui, pois já os lamentei em outros textos. Mas também lamento por aqueles que ainda não partiram para o além, que tornam nossa vida um inferno. Esses parecem ser imortais, não importam as áreas que eles agem: música, cinema, política, jornalismo e etc.. É um flagelo, e muito disso surgiu em 2012... Oh céus! Oh vida! Oh destino!
            Outra coisa que me chama a atenção é o vôo de prosperidade, do tipo “se você lutar e trabalhar, prosperará em 2013!”. Ora convenhamos, pouquíssimas pessoas prosperam com trabalho. Na verdade o trabalho prospera outros, essa lógica do mérito é mentira. A maioria da população acorda às 4h, encerra seu expediente às 17h. Esse tipo de trabalho não produz riqueza, produzem ricos, exploradores, sanguessugas. Então não me venha com esse papinho Pois sabemos que o sistema – sim, o sistema, onipresente, talvez não onipotente, mas previdente daqueles que o ataca – não deixa dúvidas de sua intenção; é o trabalho morto que suga o trabalho vivo, como dizia um certo barbudo do século XIX, da qual diziam estar ultrapassado, mas que agora vêem que estava ele certo.
            Não podemos esquecer o nosso querido e prestativo cristianismo. Oh sim, nossa lenda mor, um trator que costuma passar por cima de direitos civis, devido sua santidade putrefata. Sim, nada mais encarna o espírito de um final de ano do que o nascimento de um deus. Não é que consegue extrair de nós o melhor? Mesmo que por apenas alguns dias. Lembrando que essa tão vicejante religião, durante algumas semanas inspiram os homens de boa vontade, mas durante o restante do ano,se preocupam em discursar o ódio contra minorias – que não são tão minorias -, alegando a proteção da família, coibindo o diferente, mas defendendo em seu próprio núcleo, monstruosidades como a pedofilia (que diga o Papa).
            Então encerro aqui minha jornada escrita em poucas linhas, alguns me terão por sórdido, cínico, talvez tenha razão. Mas acho muito mais cínico as pessoas desejarem feliz ano novo e votos de felicidade quando se programam o ano inteiro para competir, destruir e odiar. Ainda mais com essas festas que são a materialização da nossa hipocrisia, do nosso sadismo desonesto, do cinismo covarde e da manutenção da escravidão sobre o outro.
            Por isso reserve seu FELIZ 2013 para si mesmo e não venha me incomodar com seu entusiasmo fútil.